Se ela fosse uma
mulher de verdade, dirigiria os carros mais caros, viveria em mansões luxuosas
e teria um guarda-roupa incrível com peças da Maison Versace, Christian Dior,
Armani e Prada.
Ícone de beleza e
moda, ela atravessou gerações, acompanhou a evolução da mulher na sociedade e
hoje, em seu mundo cor-de-rosa, Barbie faz 54 anos.
Inconfundível por
ser esbelta, ter olhos azuis e cabelos loiros, ao longo de sua história a
Barbie tem representado o estereótipo do corpo perfeito e personalidades que
marcaram essas cinco décadas.
Atrizes, cantoras,
personagens de cinema e até rainhas já foram Barbies, com um objetivo: levar as
meninas ao universo da fantasia.
Pela primeira vez,
desde 1959 (ano de seu nascimento), 539 bonecas saíram de suas caixas de
plástico para serem homenageadas na exposição o "Museu Encantado
Barbie" – e que fazem parte do
acervo do colecionador Carlos Keffer.
Apaixonado por
clássicos do cinema, Keffer iniciou a coleção em 1996 com a boneca My Fair
Lady uma homenagem à atuação de Audrey Hepburn no filme.
"Eu encontrei na Barbie uma forma de
eternizar as estrelas do cinema", diz.
Keffer deixou de
lado sua formação em psicologia para dedicar-se a uma paixão que também teve
início em seu consultório.
"Durante minha atuação como psicólogo
infantil, para estimular a imaginação das crianças eu usava uma caixa cheia de
bonecas. A partir desta técnica, percebi que todas as pessoas possuem suas
caixas com personagens imaginários onde podem criar e fantasiar”.
“A Barbie é um exemplo disso, já que por meio
de uma boneca, a menina pode sonhar e ser o que quiser", afirma o colecionador.
O lúdico e o
simbolismo representam o compromisso da Barbie, a primeira "fashion
doll" - boneca classificada como uma mulher adulta -, no mercado. Antes,
as bonecas eram apenas bebês e incentivavam o lado materno de uma criança.
A Barbie trouxe a
possibilidade de sonhar com o futuro.
“Pensar em uma carreira, entender as mudanças
culturais e diferentes nacionalidades”, comenta Isabel Patrão, gerente de marketing da Mattel, a fabricante
da Barbie.
Ao refletir a
história, a moda e as vontades de cada época, as 539 Barbies da exposição
reproduzem as mudanças da sociedade em 29 centímetros de altura, cada uma
delas. O "apogeu da beleza", segundo diz Keffer, ao longo de
seus 50 anos, incorporou traços de personalidades, sendo retratos perfeitos de
filmes, seriados e tendências.
A Barbie Número 1,
por exemplo, foi inspirada no corpo da atriz francesa Brigitte Bardot e
originou-se do modelo de beleza da época: rosto pálido, maquiagem expressiva,
sobrancelha grossa e rabo de cavalo.
Espelhada na mulher
"de verdade" a roupa, o cabelo e até o próprio corpo da boneca
viajam no tempo das tendências. Saias rodadas nos anos 60, looks de praia a
partir de 1971 e cabelos super longos em 1992 são características que marcaram
épocas e Barbies.
A Barbie “cabelos
super longos” (1992) vendeu cerca de 10 milhões de exemplares, o recorde de
vendas na história da boneca.
Para a Mattel, o
segredo do sucesso vem da pesquisa.“Acompanhamos o que acontece no mundo e,
a partir disso, criamos novas bonecas", diz Isabel.
Lançando
de 200 a 300 modelos diferentes por ano, sendo que 98% do portfólio Barbie
ganha apenas características novas, cada boneca demora um ano para ser
finalizada e encontrada nas lojas. Com duas finalidades - para coleção e venda
- a boneca não dita tendências da moda, apenas as reflete de acordo com a
cultura dos 140 países em que é vendida.
"Eu acredito que a Barbie é um registro
lúdico da história da moda. E é democrática, pois respeita as diferentes
nacionalidades. A Barbie japonesa, por exemplo, segue a cultura do país ao ter
olhos puxados e não mostrar os dentes", afirma Keffer.
Viagem na história
Impossível não se
lembrar de Audrey Hepburn em "Bonequinha de Luxo", de Julie Andrews
em "Mary Poppins" e Barbara Eden, em "Jeannie é um Gênio".
Para comemorar o
aniversário, na sala "54 faces", um bolo de três metros de altura
exibe a evolução da boneca (rosto, corpo e estilo) e da moda de 1959 até os
dias de hoje.
A primeira Barbie
negra (1980), a atriz Angelina Jolie, um grupo de bonecas simbolizando as Spice
Girls e a boneca Número 1 são alguns dos destaques da primeira etapa do
"Museu Encantado Barbie".
"A primeira Barbie, avaliada em US$ 12
mil, foi uma conquista recente. Eu a comprei há apenas seis meses de uma
americana", diz Keffer.
Em referência à
alta costura francesa até a década de 70, como Chanel e Christian Dior, o
espaço nomeado de "Vintage" traz ao lado de looks antigos e editoras
de moda, a primeira casa da Barbie feita em madeira e papelão.
Caminhando pela
passarela da história, a sala "Fashion" traduz as últimas tendências
de comportamento e moda, desde a Grécia antiga.
A boneca de Maria
Antonieta – avaliada em US$ 1600 pelo eBay.
Rainha Elizabeth, e
outras com vestidos de Versace, Alexandre Herchcovitch, Givenchy e Rosa Chá,
são réplicas perfeitas dos looks que marcaram desfiles e época. Já o luxo e o
glamour da Barbie Noiva são festejados em uma única sala com bonecas de rosto
de porcelana.
Grandes estrelas do
cinema e dos seriados de televisão - a babá voadora Mary Poppins, a cantora
Cher, a personagem de desenho animado Wilma Flintstone, a Família Addams, e as
cantoras Carmem Miranda e Sandy (do filme Grease) - são homenageados na sala "Astros
& Estrelas".
"Os filmes que marcaram os personagens
são passados em uma televisão. Dessa forma, os visitantes podem relembrar os
clássicos e reconhecê-los na própria exposição", comenta o colecionador.
Mesmo sendo uma
boneca, a Barbie tem grupo de amigos, irmãos e um namorado (Ken).
A sala "Cenas
da Vida" expõe aos visitantes os personagens de seu mundo imaginário. "Uma
das coisas que me fascina é que ao mesmo tempo em que a Barbie é um brinquedo,
ela tem uma vida própria", afirma Keffer.
Na sétima sala da
exposição - "Planetário" - o ícone de beleza e moda agrega à sua
imagem e status uma preocupação com a diversidade cultural.
Cerca de 70 países
são representados em Barbies, seja na roupa, cabelo ou acessório,
democratizando as riquezas étnicas a um dos brinquedos mais desejados. "Com
a Barbie, a criança pode desejar e 'desenhar' o que quiser. Moda, profissões e
questões sociais são alguns dos aspectos que enriquecem a diversão",
diz Isabel.
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